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Cine Ceará: debate sobre o filme "Brasiliana" destaca desafios e legado da companhia teatral

Na manhã deste domingo (10), no Hotel Sonata de Iracema, aconteceu o primeiro debate do 34º Cine Ceará, abordando o filme Brasiliana: O musical negro que apresentou o Brasil ao mundo. A conversa sobre o documentário, que teve sua estreia mundial na abertura do festival no Cineteatro São Luiz, contou com a presença do diretor Joel Zito Araújo, do produtor Daniel Couto (Catatau), do diretor de fotografia Kiko Barbosa e do corroteirista Itamar Dantas.

O debate teve como foco o filme que conta a trajetória da companhia de teatro de revista Brasiliana, que, ao longo de 25 anos, levou sua arte a mais de 90 países. Um dos principais pontos discutidos foi o desafio de trabalhar com os arquivos históricos da companhia, que incluem vídeos, fotos e matérias jornalísticas. Para os realizadores, esses registros não são apenas ilustrações, mas peças-chave na construção da narrativa do documentário.

Joel Zito Araújo destacou a dificuldade de acesso aos materiais originais, muitos dos quais provêm de arquivos internacionais, como os da Inglaterra e da Alemanha. O alto custo de utilização desses registros impediu o uso integral de alguns vídeos, que passaram por edição criativa, com o uso de recursos como motion graphics. Um exemplo citado foi a filmagem de uma apresentação de um dos bailarinos da Brasiliana ao lado da atriz Sophia Loren, cuja versão original tem oito minutos, mas que no documentário foi reduzida a apenas dois.

Zito também falou sobre sua relação com o grupo antes da realização do documentário. "Eu conhecia a companhia, mas não sabia da sua real importância e legado para a cultura brasileira", afirmou. O diretor fez questão de ressaltar a figura de Haroldo Guimarães, um dos fundadores da Brasiliana e referência na construção da imagem do Brasil no exterior. "Haroldo sempre teve plena consciência de sua negritude, e sua contribuição foi fundamental para a consolidação da arte brasileira no mundo", concluiu.